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4 de jul. de 2013

''SOBREVIVENTE DO APOCALIPSE''


O poeta é uma pergunta sem resposta
numa resposta sem pergunta.
Não pertence a si mesmo, senão ao enigma
da sobrevivência ao naufrágio da esperança,
balbucio de lucidez na treva sem limites
de que necessita morrer ao menos por amor.
E não consegue – o amor não lhe permite.

É uma contradição do último apocalipse.
Não precisa da velha identidade de sobrevivente.
É o único que já chegou perplexo ao pé da vida
com atraso de milhares de anos-luz, no instante
de felicidade não partilhada da lucidez do absurdo.
Como pássaro na iminência de um vôo inaugural
rumo à demência sublimada pela prodigalidade
dos fragmentos da misericórdia na interpretação
do drama oculto da alma no palco eterno
de uma flor no abismo...

Entre a realidade e o sonho, no limite
máximo da vida do operário em construção
do renascimento prometido. Só o poeta pode
decifrar o enigma da esfinge de si mesmo
como relator de evangelhos desconhecidos...

Julis Calderón
(Heterônimo de Afonso Estebanez)

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