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22 de mai. de 2014
SONETO PARA NAVEGAR...
Há um tempo na vida que supomos
ter vencido sem trauma nem feridas
olvidando o sangrar das despedidas
sofridas nos poentes dos outonos...
E há um tempo de rosas renascidas
dos áridos desertos que nós somos
não obstante o estio vão os pomos
adoçando o penar de nossas vidas!
Ainda há um tempo que a saudade
como um rio que chora de piedade
nosso pranto carrega para o mar...
E vai além o nosso amor profundo
cantando no crepúsculo do mundo
a canção que a razão faz navegar!
Afonso Estebanez – 13.05.2014
(Composição dedicada à gentil amiga
Professora Nídia Horta, com carinho)
5 de mai. de 2014
EPITÁFIO...
Guardei banais segredos dos amores de criança
dos mistérios da infância ouvi apenas por tolice
contei parábolas de amor porque o próprio amor
predisse que na vida viveria só dessa lembrança
de reviver das cinzas de uma flor do apocalipse...
E das águas correntes desse rio em minhas veias
de onde doce fluísse uma canção jamais ouvida...
Talvez de alguma fonte de desejos clandestinos
ou dos prazeres matutinos de profanas ladainhas
dos arcanjos decaídos de meus sonhos suicidas...
Apraz-me então morrer dos místicos presságios
de quem padece lentamente da secreta liturgia
de reencontrar-me pelo acaso de um momento
em que a parte encantada de mim fosse a magia
desse feitiço de poder-me amar além do tempo...
E era tudo o que a alma não defesa pretendia...
E para muito além do que muito além de mim
aonde jaz meu pássaro cantor de súbito abatido
concebido me fosse então morrer de desamor
se reviver de amor a mim não fora concebido...
Afonso Estebanez
4 de mai. de 2014
2 de mai. de 2014
25 de abr. de 2014
CANÇÃO BALDIA
Às vezes tenho saudade
da saudade que não tive
de morar com liberdade
onde livre nunca estive.
Às vezes tanta saudade
não é tanta por um triz:
pois que a tal felicidade
só me quis quase feliz.
Fui quase feliz em tudo
fui e sou sem vanidade
do que serei sobretudo
a despeito da saudade.
Partir foi quase preciso
sumindo na eternidade
não me fora teu sorriso
enganar essa saudade...
Afonso Estebanez
24 de abr. de 2014
EU VOU
Se for preciso reinventar
a vida e me fazer de conta
e retomar a alma já pronta
por onde nada mais restou...
Eu vou!
Se for preciso restaurar
a dor e me doer de novo
no cio ardente e copioso
do mal ausente que ficou...
Eu vou!
Se for preciso reanimar
a luz extinta no crepúsculo
imponderável do minúsculo
grão de areia que se apagou...
Eu vou!
Se for preciso me afogar
no charco por mero martírio
ou por razão ou por delírio
o lírio diga por quem vou...
Eu vou!
Se for preciso reinventar
o amor numa paixão suicida
e reencontrá-la além da vida
na lida que a paixão deixou...
Eu vou!
Afonso Estebanez
[Arte: Bren Parks]
QUEM QUER QUE SEJA...
Quem quer que seja vem vindo
mar adentro ao ventre afora...
Lua cheia num crepúsculo
navegando rumo à aurora...
Quem quer que seja vem vindo
como a flor recém-nascida
na parte reencontrada
de minha parte perdida.
Vem vindo do lado alegre
de meu lado descontente
vivendo do instante eterno
de viver eternamente...
Como canção pressentida
num leve roçar do vento
na superfície das águas
serenas do pensamento.
Qualquer semente cativa
na flor do ventre a pulsar...
Qualquer estrela cadente
nas águas fundas do mar...
Quem quer que seja vem vindo
dos meus instintos secretos
como um anjo reencontrado
no exílio de meus afetos...
Maior que o reino infinito
dos sonhos com que me iludo
quem quer que venha... sem nada...
em mim é dono de tudo...
Afonso Estebanez
(Dedicado ao meu filho Mark R. Estebanez Stael)
Arte :Isabelle Vavasseur
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