SER SEM TER
Nem as ervas daninhas
no meu corpo profundo
nem as heras são minhas
de onde jazo no mundo.
A minh’alma espinhosa
não possui tanta calma
como o instinto da rosa
que só tem a sua alma.
Nada meu o é de mim
nem a imensa poesia
pertencente ao jardim
que a luz furta do dia.
Os caminhos existem
se os pés tocam neles
e mistérios consistem
em se não saber deles.
Cai-me o último pomo
que no chão apodrece
vai-se o último outono
e o pomar permanece.
Nem as águas da cheia
nada é meu nem o estio.
E espalhadas na areia
só lembranças do rio...
A. Estebanez
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