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31 de jul. de 2010
VERSOS LEVIANOS
Sou o teu rio de mágoas
De lua cheia me inundo
E morro nas águas rasas
De um oceano profundo.
Colho flores numerosas
Da pedra da minha vida
E sei das tolas mimosas
De alguma rosa suicida.
No escombro da poesia
Há ninhos e andorinhas
E o chão da erva esguia
Por onde nua caminhas.
No jardim de sepulturas
Há as juras que nem fiz
Dos afetos e as ternuras
Que me deixaram feliz.
Afonso Estebanez
27 de jul. de 2010
QUINTA ROSA DO ORIENTE
Uma rosa!... Ah, ninguém sabe fazer...
Até Deus na invenção da quintessência
implantou-me o saber sem consciência
de que as flores dependem de nascer...
Nem mesmo a luz do mar no alvorecer
prediz como uma rosa é esta iminência
de um renascer em mim sem paciência
como se em mim não fosse mais viver.
Não! O mar pode ter os seus caminhos
mas entre rosas cruzam-se de espinhos
pois que nem só de flor me leva a vida.
Uma rosa!... Ah, ninguém sabe fazer...
Nem mesmo Deus pela razão de eu ser
uma espécie de adeus sem despedida...
Afonso Estebanez
16 de jul. de 2010
Canção a você
Canto a saudade iminente
que te leva pra mundos distantes
deixando perfume no infinito
adornado de muitas cores
Trilho os dias, falo ao vento,
antecipo a chegada reversa do tempo
descansando meu cansaço no dorso da espera,
ou no avesso que o mundo desfaz
E no último ocaso,
mesmo que a visão se nuble,
percebo tua chegada ao som lapidado
do acalanto de um olhar sem segredo,
falando o que há dentro de mim
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 27/06/10
Código do Texto: T2343776
SONETO À SOMBRA DE NIETZSCHE
Hoje não quero nada de ninguém!
Nem compaixão, nem flores, nada enfim...
Tudo se esquece ou é ilusão. Porém,
eu sei que Deus vai-se lembrar de mim.
Passa o amor e fica esse desdém
nas sombras fugidias do meu fim...
Ah, pássaros que emigram para além
do amor que é gêmeo, mas não é afim...
Não quero nada. Nada! Nem lembrança
nem presente ou promessa ou esperança
nem vago instante que pareça festa...
Quero apenas que Deus me dê a graça
de brindar em silêncio numa taça
a glória de viver do que me resta!
Afonso Estebanez
8 de jul. de 2010
LÁGRIMA
Lágrima é um brilhante lapidado
pela luz da manhã ao despontar
uma gota de orvalho perfumado
no frasco de cristal do teu olhar.
É nascente de um rio represado
que te chora na face sem penar
o epílogo de um livro já fechado
com um ponto final para chorar.
E vejo com o teu olhar de Shiva
que doer é a forma compassiva
de uma lágrima gotejar perdão.
Repousa-me na dor de tua cruz
e me cubra com lágrimas de luz
no calvário de paz do coração...
Afonso Estebanez
(Para Anna Ortiz com o meu carinho)
28/04/2010
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