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21 de mar. de 2009

O TRABALHO ANDA DE TREM POR TRÁS DA CORTINA VERDEAMARELA (Estação terceira)


Os mais fortes oprimem os mais fracos
como se estendem pernas para o baleiro cair com a boca amarga
sobre balas doces. Uma estudante atirada no leito da via férrea.
Uma sexagenária acometida de mal súbito está morrendo
por falta de socorro médico. Um sujeito toma o jornal do jornaleiro
lê todas as manchetes e o devolve.
Um pivete retalhando a bolsa de uma jovem. Um pingente colhido pelo poste...

O trem é o intestino da metrópole: operários, soldados, meretrizes,
palhaços, estudantes, vendedores, loucos, ladrões, crianças, suicidas...
Foram todos engolidos pelas fábricas, motores, edifícios, construções...
Marca-passos de ouro dos banqueiros, despejados no trajeto
como objetos descartáveis das angústias e paixões...

Eventualmente o vômito da morte. Luzes. Sangue. Letreiros luminosos.
Gemidos. Sirenes. Vermelha escuridão. Miolos espalhados
pelos trilhos. Flores carnívoras. Corpos mutilados.
Olhos calados gritando pela boca estarrecida.

Os caçadores de notícias assistem à colocação daquilo tudo perfilado
na plataforma como num ritual olímpico...

A. Estebanez

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