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9 de jul. de 2011

"NUMA FOLHA DO DIÁRIO"

Há sonhos antigos
que habitam meu outro lado
como se a alma de porta aberta
fosse uma casa abandonada
por fantasmas de ancestrais...
... sempre me deixam rosas
desaparecidas entre o legado
dos escombros...

... como se meu coração fosse
aquele velho salão das armas
de um barão que não se sabe
se morreu daquela obscura
sensação de peso do crepúsculo
nos ombros.

Mas chego sempre ao final da rua
(ou do sonho) e percebo que minha
sombra sempre fica para trás
levando minh’alma só...
...e sempre volto e vejo
que lá está minha alma no jardim
com seu infinito olhar de rosas
debruçado na janela da alvorada...

Compreendo então que somos
dois para apenas um sonho só
ou dois sonhos para min’alma só.
Um de mim apenas ressonha
os sonhos que o outro sonha
– como o vento e o pó...


Julis Calderón

TOLERÂNCIA ZERO

Tolerância, sim!
Mas fazer o dia virar noite, não!
Mas roubar a minha lua, não!
Mas pular a minha cerca, não!
Mas pisar no meu jardim, não!
Mas matar as minhas rosas, não!
Mas assassinar meu cão, não!
Mas invadir a minha casa, não!
Mas estuprar as minha filhas, não!
Mas tomar todo o meu vinho, não!
Mas cuspir na minha sopa, não!
Mas deixar a luz acesa, não!
Mas drogar-me a consciência, não!
Corromper a minha pátria, não!
E eu ficar sem dizer nada, não!
Até podem me matar...
Mas enterrar-me, não!

Julis Calderón & Maria Madalena Schuck
(Numa lembrança de Vladimir Maiakovski)

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